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Vitalidade pulpar sem adivinhação: oxímetro, LDF e EPT na rotina

Vitalidade pulpar sem adivinhação: oxímetro, LDF e EPT na rotina
Editora Sia

Avaliar vitalidade pulpar com segurança vai muito além de frio, calor e percussão. Esses testes de sensibilidade informam a resposta neural, mas não necessariamente o status vascular do tecido — o verdadeiro marcador de vitalidade. Tecnologias acessíveis como o teste elétrico de polpa (EPT), a oximetria de pulso adaptada e o laser Doppler (LDF) já cabem na bancada e podem transformar condutas em endodontia, trauma e acompanhamento de reabilitações.

Por que ir além dos testes térmicos?

Testes térmicos são rápidos, porém vulneráveis a resultados falsos em dentes imaturos, traumatizados, com calcificações, restaurações extensas ou após bleaches. A resposta neural pode estar ausente temporariamente, enquanto o fluxo sanguíneo persiste. O inverso também ocorre: dor sem correlação com perda de vitalidade. Medir sinais objetivos traz previsibilidade, reduz retratamentos e melhora a comunicação com o paciente.

Três tecnologias que cabem na rotina

Teste elétrico de polpa (EPT)

  • O que é: estímulo elétrico controlado para aferir limiar de resposta das fibras nervosas.
  • Quando ajuda: triagem rápida em dentes dúvida (pós-trauma, coroas extensas), mapeamento de múltiplos elementos em dor difusa e acompanhamento de sensibilidade pulpar em bruxismo.
  • Como fazer bem: dente seco, isolamento relativo, pasta condutora, ponta em esmalte seco (preferencialmente em terço médio vestibular). Use um dente vizinho como controle.
  • Atenção: dentes com ápices abertos e após trauma recente podem não responder sem que haja necrose. Interprete em conjunto com achados clínicos e radiográficos.

Oximetria de pulso dentária

  • O que é: medição não invasiva da saturação de oxigênio no leito pulpar com sensor adaptado. Ao invés de dor, você vê sinal de vida.
  • Quando ajuda: follow-up de luxações e avulsões reimplantadas, decisões em revascularização/apexogênese e casos com testes térmicos inconclusivos.
  • Boas práticas: estabilize o sensor com suportes dedicados, minimize luz ambiente direta, meça bilateralmente (dente suspeito x contralateral) e repita leituras para consistência.
  • Interpretação: valores absolutos variam por aparelho e espessura dental. Mais importante é a comparação com o dente controle e a tendência ao longo do tempo. Ausência persistente de sinal, com corroboração clínica, sugere perda de vitalidade.

Laser Doppler Flowmetry (LDF)

  • O que é: técnica óptica que detecta microcirculação pulpar por deslocamento de frequência da luz refletida em hemácias.
  • Quando se destaca: monitoramento de dentes traumatizados (especialmente em jovens), avaliação de procedimentos regenerativos e casos em que restaurações e próteses “mascaram” testes sensoriais.
  • Dicas operacionais: estabilize a sonda (splints/acessórios), reduza movimentação do paciente e colete séries de segundos para média estável. Anote o baseline do contralateral.

Como incorporar sem complicar o fluxo

  1. Selecione cenários de maior impacto: trauma dentário, dor atípica, reabilitações extensas, acompanhamento pós-branqueamento com hipersensibilidade persistente e planejamento endodôntico em dentes estratégicos.
  2. Padronize: defina protocolo por tecnologia (preparo do dente, tempo de leitura, repetição mínima, dente controle). Protocolos simples garantem reprodutibilidade.
  3. Registre números, não só impressões: anote limiar EPT, saturação/curva da oximetria e unidades relativas do LDF, sempre com data, hora e condição do dente.
  4. Compare e acompanhe: tendências em série são mais valiosas que um único ponto. Evolução ajuda a decidir entre observar, intervir ou ajustar plano.

Protocolos práticos e interpretação segura

  • Evidência combinada: nenhum teste isolado decide. Some sinais clínicos (dor espontânea, resposta prolongada a frio), achados radiográficos (alterações periapicais), histórico de trauma e os indicadores objetivos.
  • Controle bilateral: sempre que possível, compare com o homólogo saudável. Diferenças consistentes orientam a conduta.
  • Pós-trauma: espere flutuações iniciais. A ausência de resposta ao EPT por semanas não é sentença. Já a ausência persistente de fluxo (oximetria/LDF) ao longo do tempo pesa mais na decisão.
  • Regeneração e revascularização: priorize medidas de fluxo. O paciente pode não relatar sensibilidade por meses, enquanto o tecido se reorganiza.

Custo-benefício que aparece no consultório

Investir em EPT, oximetria e LDF pode parecer extra, mas paga-se em previsibilidade e em menos procedimentos desnecessários. Veja onde o retorno surge:

  • Evitar endodontias desnecessárias quando vitalidade está preservada.
  • Intervir mais cedo quando sinais objetivos antecipam deterioração.
  • Acompanhar trauma com metrificação, reduzindo incerteza para família e equipe.
  • Comunicar melhor, mostrando números e curvas que o paciente entende.
  • Documentar para auditoria e perícia, com registros objetivos que protegem o profissional.

Segurança, biossegurança e manutenção

  • Barreiras e desinfecção: siga as instruções do fabricante para limpar sensores e usar capas descartáveis. Evite álcool em lentes e fibras ópticas.
  • Calibração: verifique rotinas de checagem (auto-testes do EPT, calibração óptica do LDF). Registre em planilha ou no prontuário.
  • Treinamento: uma hora de treino elimina variações. Simule casos com colegas antes de aplicar em pacientes.

O que vem por aí

Novos sensores prometem integrar fluxo, oxigenação e temperatura em um único dispositivo, além de algoritmos que ajudam a filtrar ruído e sugerir tendências. A boa prática continua a mesma: validar, padronizar, comparar com controles e documentar com cuidado.

Conclusão: decisões mais firmes, pacientes mais tranquilos

Ao trazer EPT, oximetria e LDF para a rotina, você troca “sensações” por dados. O resultado é simples: mais segurança para indicar, observar ou intervir; pacientes mais confiantes; e uma clínica com menos surpresas.

Dica final: centralize os números e as imagens dos testes em um prontuário que permita criar campos personalizados, acompanhar séries temporais e compartilhar relatórios com o paciente. Isso fecha o ciclo entre tecnologia, comunicação e desfecho clínico.

Por que o Siodonto faz diferença? Além de organizar exames e campos personalizados para EPT, oximetria e LDF, o Siodonto oferece um chatbot integrado que agiliza triagens e confirmações, e um funil de vendas que transforma interesse em consulta efetiva. Você registra métricas com facilidade, acompanha tendências por dente e ainda automatiza contatos inteligentes — tudo em uma plataforma leve, pensada para que sua equipe foque no que importa: cuidar do paciente com precisão.

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