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Temperatura certa na odontologia: tecnologia que previne danos térmicos

Temperatura certa na odontologia: tecnologia que previne danos térmicos
Editora Sia

Na rotina clínica, o calor é um inimigo silencioso. Ele surge da fricção entre instrumento e tecido, do atrito de brocas desgastadas, da potência mal ajustada em ultrassom, do uso contínuo de contra-ângulos e até da fotopolimerização intensa. O resultado pode ir de sensibilidade pós-operatória e dor a necrose pulpar ou perda de estabilidade inicial em implantes. A boa notícia: hoje existem recursos tecnológicos acessíveis e protocolos claros para manter a temperatura sob controle, preservar tecido e ganhar previsibilidade.

Por que o controle térmico importa

Dois limites fisiológicos orientam a prática:

  • Polpa dentária: aumentos de temperatura acima de alguns graus, quando sustentados, elevam o risco de inflamação irreversível. Minimizar o aquecimento durante preparos e ajustes é decisivo para evitar dor e retratamentos.
  • Osso cortical e medular: a combinação de calor e tempo durante a osteotomia pode comprometer a vitalidade óssea e a estabilidade do implante. Perfurações prolongadas sem irrigação efetiva e com brocas cegas elevam o risco de falhas.

Com essa base em mente, o foco passa a ser medir, reduzir e documentar variáveis que influenciam a geração de calor: pressão, rotação, tempo de contato, geometria da broca, potência do equipamento e eficiência da irrigação.

Tecnologias que ajudam a manter a temperatura sob controle

  • Motores inteligentes e sensores de torque/RPM: unidades com controle eletrônico estabilizam a rotação sob carga e alertam para sobrecarga mecânica, indiretamente sinalizando risco térmico. Alguns sistemas estimam a energia dissipada e orientam pausas.
  • Brocas e fresas com design eficiente: canais de evacuação amplos, corte ativo e revestimentos que reduzem atrito dissipam calor com mais rapidez. A troca programada de instrumentos mantém a eficiência e evita pressão excessiva.
  • Irrigação interna e externa calibrada: contra-ângulos cirúrgicos com irrigação interna, associada a soro resfriado, melhoram o balanço térmico em osteotomias. Na clínica restauradora, spray de ar/água bem ajustado e constante é fundamental.
  • Ultrassom com ajuste fino: unidades que permitem selecionar potência por ponta e tecido, além de irrigação pulsada, reduzem dissipação térmica e melhoram o conforto do paciente.
  • Fotopolimerização com controle de potência: aparelhos com modos soft-start, monitoramento de irradiância e temporizadores consistentes evitam aquecimento desnecessário em incrementos volumosos.
  • Medição e validação: termômetros infravermelhos pontuais e, em ambiente de simulação, termopares ou câmeras térmicas ajudam a validar fluxos, treinar a equipe e padronizar passos mais seguros.

Protocolos práticos por cenário clínico

Preparos cavitários, onlays e coroas

  • Use brocas afiadas, adequadas ao substrato (esmalte/dentina) e troque-as ao primeiro sinal de perda de corte.
  • Prefira pressão leve e intermitente; evite encosto contínuo em uma mesma área.
  • Mantenha spray ar/água contínuo e direcione a refrigeração para o ponto de contato da broca.
  • Em ajustes prolongados, introduza pausas curtas e irrigue abundantemente.

Cirurgia de implantes

  • Planeje a sequência de fresagem respeitando diâmetros crescentes e tempo total de perfuração.
  • Use irrigação interna/externa associada, idealmente com solução resfriada, garantindo fluxo livre de obstruções.
  • Controle rotação conforme protocolo do sistema, evitando pressionar em excesso; deixe a broca cortar.
  • Verifique o estado de afiação das brocas; inspecione e substitua conforme número de usos e desempenho.

Ultrassom e piezo

  • Ajuste a potência ao mínimo efetivo para a tarefa (profilaxia, endodontia, cirurgia).
  • Assegure irrigação contínua na ponta ativa; evite contato prolongado no mesmo ponto.

Fotopolimerização

  • Valide a irradiância do aparelho e mantenha a ponteira limpa.
  • Use modos de potência gradual e cure incrementos menores quando o volume de resina for elevado.
  • Mantenha distância adequada e estabilize a ponteira para evitar aquecimento localizado.

Como avaliar sua irrigação sem equipamentos caros

  • Teste de vazão: meça, com seringa graduada, o volume que sai do spray ou do sistema interno em 30 segundos. Vazões muito baixas indicam obstrução.
  • Inspeção de canais: limpe e desobstrua linhas de água; mangueiras e filtros acumulam partículas que reduzem fluxo e aumentam calor.
  • Checagem de spray: observe a formação de neblina uniforme. Jatos assimétricos sinalizam sujeira na ponteira.
  • Sequência de pausas: crie micropausas programadas em procedimentos de longa duração para dissipar calor sem perder eficiência.

Documente parâmetros e padronize o que funciona

Clínicas que registram rotação, sequência de brocas, potência de ultrassom, tempo de cura e irrigação aplicada conseguem reproduzir resultados e reduzir variabilidade entre profissionais. Padronizar o que deu certo encurta curva de aprendizado, protege o tecido e reduz retrabalhos.

Três erros comuns que aquecem demais (e como evitá-los)

  1. Broca “cortando menos” e mão pesando: troque a broca e volte à pressão leve; aumentar a força eleva o atrito.
  2. Irrigação presente, mas mal direcionada: ajuste o ângulo do spray para atingir exatamente a interface instrumento-tecido.
  3. Polimerizações longas no máximo: prefira modos graduais, múltiplos ciclos curtos e incrementos menores de resina.

Segurança, conforto e longevidade clínica

Controlar a temperatura não é apenas uma questão de conforto imediato. É proteção biológica com impacto direto na longevidade de restaurações, na estabilidade de implantes e na satisfação do paciente. Com motores mais inteligentes, instrumentos eficientes e protocolos claros, a prática diária ganha previsibilidade – e o paciente, confiança.

Para fechar: tecnologia não substitui a mão clínica, mas dá instrumentos para que ela trabalhe com mais segurança. Medir, ajustar e documentar é o caminho para manter o calor como aliado – e nunca como vilão.

No dia a dia, ter um software que organize o cuidado faz diferença. O Siodonto centraliza o prontuário, registra protocolos e padroniza etapas, garantindo que o que funcionou seja replicado pela equipe. Além disso, o Siodonto conta com chatbot integrado e funil de vendas, ajudando a captar, nutrir e converter pacientes sem fricção – do primeiro contato à cadeira. Se a sua clínica busca precisão clínica e agenda cheia, o Siodonto é o parceiro que conecta tecnologia, atendimento e resultados.

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