Plasma frio na odontologia: descontaminação e reparo com mais precisão
Nos últimos anos, o plasma frio (ou plasma atmosférico a baixa temperatura) saiu dos laboratórios e ganhou espaço real na odontologia. Com potencial para reduzir carga microbiana sem aquecer o tecido, modificar superfícies para maior energia e favorecer reparo, essa tecnologia tem aplicações que vão da periodontia à implantodontia, agregando previsibilidade a etapas decisivas da prática clínica.
O que é plasma frio e por que interessa à clínica
O plasma frio é um “gás ionizado” gerado a partir do ar ambiente ou de gases como argônio, porém em temperaturas próximas da ambiente. Ele produz espécies reativas de oxigênio e nitrogênio (RONS), campo elétrico e radiação UV de baixa intensidade. Em conjunto, esses agentes criam um ambiente hostil para microrganismos e podem modificar superfícies sem causar dano térmico ao tecido adjacente quando aplicado com parâmetros adequados.
Na prática odontológica, isso se traduz em três benefícios principais:
- Descontaminação seletiva de superfícies dentárias, restauradoras e de implantes, com redução significativa de biofilme.
- Modificação de superfície, aumentando molhabilidade e energia superficial – útil na adesão e em implantes.
- Bioestimulação em baixas doses, com estudos sugerindo melhor organização do reparo tecidual e menor inflamação.
Onde o plasma frio ajuda na rotina clínica
- Implantodontia: decontaminação de superfícies de implantes expostos em peri-implantite; preparo de abutments antes da instalação; aumento de energia superficial do titânio, o que pode favorecer a integração inicial. Em revisões recentes, o plasma demonstrou reduzir biofilme sem comprometer a rugosidade funcional de implantes.
- Periodontia: como adjuvante à raspagem e alisamento radicular, auxiliando na redução da carga bacteriana em bolsas e no controle de sangramento ao longo do seguimento.
- Odontologia restauradora: preparo de substrato antes de adesão em dentina e cerâmicas, buscando melhor molhabilidade. Em cerâmicas e zircônia, a modificação de superfície por plasma pode complementar protocolos tradicionais de jateamento e silanização.
- Mucosa oral: aplicações pontuais em áreas de ulcerações e pós-operatórios selecionados, como adjuvante ao manejo convencional. Os estudos apontam redução de dor referida e tempo de epitelização em algumas condições, sempre dentro de protocolos validados.
- Endodontia: em casos específicos, como reforço à descontaminação de cavidade de acesso e paredes coronárias. O uso intracanal exige cautela e literatura específica, não devendo substituir irrigantes e ativação sônica/ultrassônica consagrados.
Protocolos práticos e segurança
Embora existam variações entre fabricantes, alguns princípios são amplamente aceitos:
- Distância e tempo: mantenha a ponta a 3–10 mm da superfície, com movimentos contínuos. Sessões de 30–120 segundos por região costumam ser suficientes. Evite concentrações prolongadas em um mesmo ponto.
- Gás e potência: dispositivos com ar ambiente simplificam a rotina. Modelos com argônio oferecem jato mais estável, porém exigem cilindro. Ajuste de potência deve priorizar conforto térmico e ausência de faíscas na superfície.
- Isolamento e proteção: uso de sugador de alta potência, óculos de proteção e afastadores. Em tecidos moles, mantenha umidade fisiológica e evite dessecamento.
- Integração ao protocolo existente: o plasma é adjuvante. Não substitui antissepsia, irrigação, abrasão seletiva, fotobiomodulação ou antibióticos quando indicados. Use-o como reforço à fase de descontaminação ou preparo de superfície.
- Contraindicações relativas: dispositivos cardíacos implantáveis não são, em geral, impedimento quando a corrente é devidamente isolada (DBD ou jato), mas a avaliação médica e o manual do fabricante devem orientar a decisão. Evite uso direto sobre tecido neoplásico sem indicação oncológica específica.
Integração ao fluxo da clínica
Para que a tecnologia entregue valor, desenhe um fluxo simples e reprodutível:
- Indicação clara: defina critérios objetivos (ex.: peri-implantite leve a moderada, preparo de abutments, bolsas residuais pós-RAR, substratos restauradores com energia superficial baixa).
- Checklist de parâmetros: registre distância, potência, tempo por região e número de passadas. Padronização reduz variação inter-operador.
- Documentação: foto clínica padronizada, registro de profundidade de sondagem, índices de placa e sangramento, EVA de dor e, em implantes, estabilidade primária/secundária quando aplicável.
- Consentimento: explique que o plasma é um adjuvante com evidências crescentes, porém não substitui a terapia principal. Transparência gera confiança.
- Treinamento: um workshop curto com a equipe garante aplicação homogênea e segura.
O que observar nos resultados e como comunicar ao paciente
Monitore marcadores que importam para desfecho:
- Implantodontia: redução de sangramento à sondagem, melhora de conforto relatado e, em reabordagens, menor acúmulo de biofilme visível. Para peri-implantite, associe a terapia mecânica e, quando indicado, regime antimicrobiano.
- Periodontia: diminuição de profundidade de bolsa e sangramento, com reavaliação em 4–6 semanas.
- Restauradora: maior previsibilidade de adesão em substratos difíceis, refletida em menor incidência de falhas precoces. Documente retratamentos e taxas de sensibilidade pós-operatória.
- Mucosa: tempo de epitelização e relato de dor ao longo dos dias subsequentes.
Na comunicação, prefira uma linguagem simples: “utilizamos um jato de gás energizado, frio ao toque, que ajuda a limpar melhor superfícies e apoiar a cicatrização”. Evite promessas absolutas e destaque que a indicação é sempre individualizada.
Custos, manutenção e regulação
Os equipamentos variam em custo conforme potência, bico aplicador e necessidade de gás. Avalie suporte técnico local, consumíveis e calibração. Verifique o enquadramento regulatório e o manual do fabricante, sobretudo quanto às orientações de uso em cavidade oral. Crie um cronograma de manutenção preventiva e registre cada uso no prontuário.
Conclusão
O plasma frio chega à odontologia como ferramenta prática para reforçar descontaminação, otimizar superfícies e apoiar o reparo, especialmente na implantodontia e periodontia. Com protocolos bem definidos, registro sistemático de resultados e integração à terapia convencional, a tecnologia agrega segurança e previsibilidade sem complicar o fluxo.
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