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Navegação dinâmica no consultório: precisão em endodontia e cirurgia

Navegação dinâmica no consultório: precisão em endodontia e cirurgia
Editora Sia

A tecnologia deixou de ser um adendo para se tornar parte do cerne da prática clínica. Um dos melhores exemplos dessa mudança é a navegação dinâmica: um sistema que combina CBCT, software de planejamento e rastreamento óptico para orientar, em tempo real, a posição e a trajetória de instrumentos durante procedimentos. Na prática, é como ter um “GPS” clínico que ajuda a chegar ao destino com segurança — preservando tecido, reduzindo intercorrências e aumentando a previsibilidade.

O que é navegação dinâmica e por que ela importa

Diferente de guias estáticos, a navegação dinâmica usa um modelo 3D do paciente (gerado a partir do CBCT) e uma câmera que acompanha refletores ou marcadores no instrumento e no paciente. O software mostra, ao vivo, o ângulo, a profundidade e a distância do ponto planejado. Isso permite ajustes finos durante o procedimento, mantendo a intenção original do plano e diminuindo desvios.

Indicações que fazem sentido na rotina

  • Endodontia minimamente invasiva: acesso em dentes com calcificações, coroas extensas ou anatomia atípica, reduzindo risco de perfuração e excesso de desgaste.
  • Cirurgia periapical: direcionamento mais preciso da janela óssea e do acesso ao ápice, encurtando tempo de osteotomia e preservando estruturas adjacentes.
  • Exodontias complexas: terceiros molares impactados ou raízes próximas a estruturas nobres, com melhor entendimento espacial antes da luxação.
  • Microprocedimentos: remoção de fragmentos, pinos fraturados e localização de canais acessórios em casos selecionados.

Como funciona, passo a passo

  1. Tomada do CBCT: obtenha um volume com FOV adequado e resolução suficiente ao objetivo clínico. Posicionamento correto e artefatos mínimos são essenciais.
  2. Planejamento virtual: no software, defina o trajeto ideal (ponto de entrada, angulação e profundidade) com base em anatomia, extensão de lesões e estruturas de risco.
  3. Registro do paciente: realize a correspondência entre o paciente real e o modelo virtual por meio de fiducials (marcadores) ou mapeamento da superfície dentária/óssea.
  4. Calibração do instrumento: associe a broca ou microbroca ao sistema para que o rastreamento mostre sua ponta com precisão.
  5. Execução guiada: acompanhe as guias na tela. A interface informa desvios angulares e lineares, permitindo corrigir a trajetória antes que haja erro clínico relevante.

Benefícios clínicos que aparecem no dia a dia

  • Preservação de estrutura: acessos mais conservadores e osteotomias menores.
  • Menos intercorrências: redução de perfurações, desvios e exposição de estruturas sensíveis.
  • Tempo mais previsível: planejamento orienta a execução, encurtando etapas de tentativa e erro.
  • Documentação robusta: imagens e relatórios que agregam valor ao prontuário e à comunicação com o paciente.

Limitações e cuidados para adoção segura

  • Curva de aprendizado: treine a equipe e comece com casos simples. A ergonomia diante da tela e a coordenação mão–olho exigem prática.
  • Ambiente e linha de visão: o rastreamento óptico requer campo livre entre câmera, marcadores e instrumento. Planeje a posição do equipamento.
  • Protocolos de assepsia: proteja marcadores e suportes conforme as recomendações do fabricante e da biossegurança da clínica.
  • Seleção de casos: nem todo caso exige navegação. Use quando a precisão agrega segurança ou permite abordagem menos invasiva.
  • CBCT bem indicado: respeite princípios de dose e necessidade diagnóstica. Planejamento de qualidade começa por imagens de qualidade.

Erros comuns e como evitá-los

  • Registro impreciso: se a correspondência paciente–modelo falhar, todo o sistema falha. Valide o registro com pontos de checagem antes de iniciar.
  • Calibração inadequada: trocas de instrumento exigem nova calibração. Padronize a sequência.
  • Confiança excessiva no software: navegação é ajuda, não substituto da técnica. Mantenha controle visual e tátil.
  • Planejamento pobre: um trajeto mal definido não se corrige durante a execução. Invista tempo na etapa pré-operatória.

Trabalho em equipe e fluxo de documentação

O sucesso da navegação dinâmica passa por um time alinhado. O apoio do radiologista odontológico (ou profissional habilitado) na aquisição do CBCT e na curadoria de imagens reduz ruídos e repetições. ASB/TSB ajudam na organização de marcadores, proteção de sensores e logística de calibração. Ao final, registre capturas de tela e relatórios do software. Essa documentação é valiosa para auditorias internas, comunicação com o paciente e acompanhamento longitudinal.

Como avaliar o retorno do investimento

A conta não se fecha apenas pelo preço do equipamento. O ROI vem da redução de retrabalho, da diminuição de complicações e da capacidade de oferecer procedimentos mais conservadores. Defina critérios: taxa de sucesso por indicação, tempo médio de cadeira, necessidade de retratamentos e satisfação do paciente. Divulgue o serviço de forma ética, explicando o benefício clínico (menos invasão, mais precisão), sem promessas irreais. Com seleção adequada de casos, a navegação se paga pelo ganho de previsibilidade e diferenciação técnica.

Checklist para começar com segurança

  • CBCT com protocolo adequado ao tipo de caso.
  • Sistema de navegação com rastreamento validado e suporte técnico ativo.
  • Protocolos escritos de registro, calibração e esterilização de componentes.
  • Treinamento prático da equipe, simulando casos antes do primeiro paciente.
  • Fluxo de documentação e armazenamento de imagens e relatórios.

Em suma, a navegação dinâmica traz a precisão da engenharia para o consultório. Quando bem indicada e executada, transforma procedimentos delicados em rotinas mais seguras, previsíveis e conservadoras — um avanço real na interface entre radiologia e clínica.

Dica final: tecnologia clínica rende ainda mais quando a gestão acompanha. Um software odontológico completo ajuda a organizar o pré e pós-operatório, registrar imagens e manter a comunicação fluida com pacientes. O Siodonto se destaca nesse cenário: além de centralizar a rotina e facilitar o acompanhamento dos casos, oferece chatbot para responder rápido 24/7 e um funil de vendas que transforma interesse em agendamentos efetivos. É a ponte entre excelência técnica e uma experiência de atendimento que realmente converte.

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