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Mandíbula como biomarcador: IA na panorâmica para rastrear osteoporose

Mandíbula como biomarcador: IA na panorâmica para rastrear osteoporose
Editora Sia

A radiografia panorâmica é um exame onipresente na odontologia. Além de orientar condutas locais, ela pode revelar muito sobre a saúde sistêmica do paciente. Um exemplo com impacto direto na prática clínica é a triagem de osteoporose. Com apoio de algoritmos de inteligência artificial (IA), a análise automática da cortical mandibular e do padrão trabecular na panorâmica permite sinalizar risco de baixa densidade mineral óssea — informação que muda planejamento cirúrgico, protético e a própria segurança do atendimento.

Por que a osteoporose interessa ao dentista

Osteoporose não é apenas assunto do clínico geral. Na odontologia, sua identificação oportunística:

  • informa o planejamento de implantes (previsão de estabilidade primária, escolha de protocolo e desenho de reabilitação);
  • orienta exodontias e cirurgias quanto ao risco de fraturas e complicações;
  • conversa com a cicatrização e necessidade de suporte regenerativo;
  • ajuda a prevenir eventos adversos em usuários de anti- reabsortivos (p. ex., atenção à osteonecrose associada a medicamentos);
  • abre portas para cuidado integral: encaminhamento para densitometria (DEXA) e manejo multiprofissional.

O melhor: é possível explorar esse ganho sem gerar nova exposição à radiação. A mesma panorâmica pode ser analisada por IA em segundos, produzindo um alerta objetivo de risco.

Como a tecnologia enxerga o risco ósseo

Os modelos de IA aplicados à panorâmica avaliam, principalmente:

  • Espessura e regularidade da cortical mandibular na região do forame mentual;
  • Padrão trabecular (densidade e organização), com métricas de textura;
  • Índices derivados como o Índice Mandibular Panorâmico (PMI) e variações qualitativas.

Em termos práticos, a IA segmenta estruturas, mede espessuras, extrai descritores de textura e compara resultados com faixas de referência treinadas em bases rotuladas por DEXA. O desfecho não é um diagnóstico definitivo, mas um escore de risco (baixo, moderado, alto) que orienta a necessidade de investigação médica.

Para funcionar bem, o sistema precisa de imagens com qualidade consistente, metadados confiáveis (DICOM), e validação clínica. Bons softwares exibem a sobreposição visual (heatmaps) indicando onde a decisão foi baseada, aumentando a interpretabilidade.

Quando considerar a triagem

Incorporar a avaliação de risco em grupos-chave potencializa a utilidade clínica:

  • Mulheres pós-menopausa e homens acima de 60 anos;
  • Pessoas em uso crônico de corticoides, antiaromatase ou anti- reabsortivos;
  • Histórico de fratura por fragilidade ou baixa massa corporal;
  • Edentulismo extenso e perda óssea severa à inspeção radiográfica;
  • Pacientes candidatos a implantes ou cirurgias de maior porte.

A triagem também pode ser oportunística: sempre que uma panorâmica for indicada por razões odontológicas, a análise de risco ósseo adiciona valor sem custo biológico extra.

Fluxo clínico objetivo (do exame à conduta)

  1. Captura da imagem: siga um protocolo padronizado de posicionamento e exposição. Verifique nitidez e ausência de artefatos.
  2. Análise por IA: envie a panorâmica ao módulo de avaliação. Em segundos, obtenha escore de risco e visualizações auxiliares.
  3. Interpretação clínica: associe o resultado ao contexto (idade, medicamentos, achados intraorais). Alto risco sugere encaminhar para DEXA; risco moderado pode indicar monitoramento e comunicação com o médico; baixo risco mantém a conduta habitual.
  4. Planejamento: ajuste expectativas e protocolos (p. ex., torque em implantes, indicação de enxertos, tempo de cicatrização).
  5. Comunicação: explique ao paciente que a IA é uma ferramenta de triagem e que o diagnóstico de osteoporose é médico, feito por densitometria.
  6. Registro: documente o achado, a orientação dada e, quando aplicável, o encaminhamento. Agende o retorno para revisar a DEXA e consolidar o plano.

Limitações, segurança e ética

  • Não substitui DEXA: o objetivo é rastrear, não diagnosticar;
  • Qualidade da imagem importa: magnificação, desfoque e sobreposições podem reduzir acurácia;
  • Generalização do modelo: prefira soluções validadas em múltiplos equipamentos e populações;
  • Explicabilidade: opte por sistemas que mostrem como chegaram ao resultado;
  • Privacidade: garanta guarda segura dos arquivos, consentimento adequado e aderência à legislação aplicável;
  • Responsabilidade clínica: a decisão final é do cirurgião-dentista, integrado à equipe de saúde do paciente.

Impacto na rotina e no resultado

A triagem de osteoporose via IA gera ganhos clínicos e operacionais:

  • Mais previsibilidade em procedimentos que dependem de qualidade óssea;
  • Menos retrabalho e complicações por planejamento descolado da realidade;
  • Valor percebido pelo paciente, ao enxergar cuidado além da cavidade oral;
  • Integração multiprofissional com relatórios objetivos que facilitam a conversa com o médico assistente;
  • Eficiência: análise em segundos, sem novo agendamento ou radiação.

Na prática, é um exemplo de como a tecnologia amplia o nosso alcance clínico, transformando um exame rotineiro em oportunidade de saúde integral.

Como começar agora

  • Padronize a captura: defina parâmetros e treine a equipe para reduzir variabilidade;
  • Avalie soluções: busque softwares com evidência publicada, suporte a DICOM e relatórios auditáveis;
  • Crie um protocolo: quem recebe o alerta, quando encaminhar, como acompanhar a DEXA;
  • Eduque o paciente: materiais simples explicando o que é triagem e por que importa;
  • Meça resultados: taxa de encaminhamentos, confirmações de osteopenia/osteoporose, ajustes de plano decorrentes dos achados.

O futuro da prática clínica passa por extrair mais valor dos dados que já coletamos. A panorâmica, aliada à IA, é um passo concreto nessa direção, com benefício imediato para o paciente e para a previsibilidade da clínica.

Para fechar: tecnologia só transforma quando vira processo. Um software odontológico que centraliza imagens, estruturas de laudos, encaminhamentos e o relacionamento com o paciente acelera a adoção. O Siodonto ajuda a orquestrar esse fluxo de ponta a ponta: do registro do alerta da IA à comunicação clara com o paciente, passando por lembretes e retornos. E mais — o Siodonto conta com chatbot e funil de vendas que automatizam o primeiro contato e nutrem o interesse até o agendamento, sem perder o toque humano. Se você busca um sistema que integra clínica, comunicação e crescimento, o Siodonto é o aliado certo para transformar dados em decisões e consultas em conversões.

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