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Elementos Finitos na Odontologia: decisões clínicas com menos tentativa e erro

Elementos Finitos na Odontologia: decisões clínicas com menos tentativa e erro
Editora Sia

A prática odontológica vive um salto silencioso: simular antes de intervir. A Análise de Elementos Finitos (FEA, na sigla em inglês) saiu da engenharia e ganhou consultórios e laboratórios, ajudando a prever como forças mastigatórias se distribuem em dentes, restaurações, próteses e implantes. Resultado? Planejamentos mais assertivos, menos ajustes e maior longevidade clínica.

O que é FEA e por que isso importa na cadeira

A FEA divide estruturas em pequenos elementos interconectados (a “malha”) e calcula, para cada parte, como tensões e deformações se comportam sob cargas. Em odontologia, isso significa enxergar onde uma cerâmica tende a fraturar, como um conector de prótese fixa concentra esforços, ou que espessura mínima reduz risco em regiões críticas. É um mapa de estresse que guia decisões de desenho e materiais.

Na clínica, a principal vantagem é a previsibilidade. Em vez de depender apenas da experiência e de ajustes cumulativos, você testa cenários no digital: muda o ângulo de um implante, ajusta a dimensão do pôntico, avalia a necessidade de reforço em uma restauração indireta. O software entrega tensões máximas, zonas de concentração e fatores de segurança para sua tomada de decisão.

Aplicações diretas no cotidiano clínico

  • Restaurações indiretas e onlays: definir espessura mínima de cerâmica, otimizar caixas e ângulos, avaliar a influência de adesão e cimentação na distribuição de tensões.
  • Próteses fixas: dimensionamento de conectores e barras, comparação de ligas metálicas e cerâmicas, impacto de cargas excêntricas na fratura.
  • Implantodontia: posicionamento tridimensional que reduz sobrecarga, escolha do diâmetro/ comprimento do implante, desenho de pilares, avaliação de carga imediata versus tardia sob diferentes padrões ósseos.
  • Materiais e colagem: comparar compósitos, cerâmicas e cimentos sob cenários oclusais reais; estudar o efeito de diferentes módulos de elasticidade no conjunto.
  • Parafunção e bruxismo: simular forças elevadas, laterotrusivas e protrusivas para orientar proteção oclusal e reforço estrutural.

Fluxo prático: do escaneamento à simulação

  1. Coleta de dados: realize o scan intraoral e, quando necessário, a tomografia (CBCT) para captar anatomia óssea e relação tridimensional. Garanta registros oclusais confiáveis.
  2. Modelagem: limpe os arquivos STL/PLY, defina a anatomia do preparo, restauração ou implante no CAD. Para implantes, faça a segmentação do osso a partir do CBCT e alinhe com o scan intraoral.
  3. Definição de materiais: atribua propriedades elásticas (módulo de Young, coeficiente de Poisson) aos tecidos e materiais restauradores. Use dados de literatura atualizados.
  4. Malhagem: gere a malha com refinamento nas áreas de interesse (bordas cervicais, conectores, interfaces dente-restauração, roscas de implante).
  5. Condições de contorno: aplique cargas mastigatórias realistas (direção e magnitude) e restrições condizentes com suporte periodontal/ósseo.
  6. Execução e leitura: rode a simulação e avalie mapas de tensões máximas principais, deslocamentos e fatores de segurança. Compare cenários A/B (por exemplo, conector 3,5 mm vs. 4,0 mm).

Dica prática: comece com casos de baixa complexidade e perguntas específicas. “Esta espessura cerâmica é suficiente para a região de pré-molares de um paciente com bruxismo leve?” é mais acionável do que “qual o melhor material?”

Boas práticas para resultados confiáveis

  • Dados de entrada de qualidade: quanto melhor o registro oclusal e a segmentação, mais fidedigna a simulação.
  • Materiais realistas: utilize bibliografia de referência para cerâmicas, compósitos e tecidos; evite valores genéricos.
  • Validação cruzada: sempre que possível, compare tendências da FEA com evidência clínica e testes laboratoriais publicados.
  • Cenários múltiplos: não confie em um único carregamento; simule contatos pontuais e excursões para cobrir a diversidade mastigatória.

Limitações: o que a FEA não faz por você

A FEA simplifica realidades complexas. Ligamento periodontal tem comportamento viscoelástico; saliva, fadiga e falhas adesivas não são trivialmente modelados. Além disso, ajustes em boca alteram a oclusão real. Por isso, trate a FEA como um apoio à decisão, e não como sentença. O sucesso continua dependente da técnica clínica, do controle de umidade, da seleção correta de materiais e da manutenção do paciente.

Como começar sem travar o fluxo da clínica

  • Escolha um escopo: foque primeiro em onlays e próteses fixas de 3 elementos, onde o ganho de previsibilidade é rápido de perceber.
  • Integre com o laboratório: alinhe parâmetros de materiais e espessuras para que o CAD do laboratório já nasça orientado pela simulação.
  • Padronize presets: tenha bibliotecas de carregamentos (forças médias e parafuncionais) e perfis de materiais validados pela equipe.
  • Meça impacto: acompanhe taxa de ajustes em sessão, tempo de cadeira e retrabalho ao adotar o processo. Pequenas reduções pagam o investimento.

Resultados que fazem diferença

Clínicas que adotam simulação relatam menos fraturas precoces de cerâmica, redução de ajustes oclusais e maior previsibilidade em carga imediata para casos selecionados. Na prática, isso significa agendas mais estáveis, pacientes satisfeitos e um ciclo virtuoso de indicação.

Checklist rápido para o seu próximo caso

  • Defina a pergunta clínica (espessura mínima? conector? posicionamento de implante?).
  • Garanta scan e oclusão digital de qualidade.
  • Selecione materiais com propriedades atualizadas.
  • Modele dois cenários e compare mapas de tensões.
  • Traduza o resultado em decisão: ajuste de design, material ou protocolo.

A tecnologia só faz sentido quando cabe no seu tempo clínico e entrega resultado. A FEA permite isso: menos tentativa e erro, mais previsibilidade, decisões documentadas e coerentes com evidência.

Para fechar: tecnologia que também organiza sua rotina

Enquanto a simulação eleva a precisão clínica, sua operação também pode ser mais inteligente. O Siodonto é o software que coloca sua clínica no trilho do digital: agenda integrada, prontuário ágil e relatórios que mostram onde você está ganhando ou perdendo tempo. De quebra, o Siodonto tem chatbot para qualificar e responder pacientes 24/7 e um funil de vendas que mostra quem está perto de iniciar o tratamento — tudo para facilitar o atendimento e impulsionar conversões. Se a FEA antecipa tensões, o Siodonto antecipa oportunidades: menos ruído, mais clínica, mais resultados.

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