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Radiologia 7 min de leitura

Veja além da sobreposição: tomossíntese intraoral na rotina clínica

Veja além da sobreposição: tomossíntese intraoral na rotina clínica
Editora Sia

Sobreposição é o limite clássico da radiografia intraoral. Contatos proximais densos, linhas de fratura discretas e reabsorções iniciais podem ficar invisíveis em uma única projeção 2D. A tomossíntese intraoral surge como um caminho do meio entre a radiografia convencional e o CBCT: cria "fatias" reconstruídas a partir de múltiplas incidências com pequenas mudanças angulares, oferecendo profundidade aparente com dose ainda comedida.

O que é tomossíntese intraoral

Na tomossíntese intraoral, o tubo de raios X realiza uma série de exposições com variações angulares controladas, enquanto o sensor permanece estável. Um algoritmo reconstrói essas projeções em planos focais, permitindo navegar por camadas do volume limitado irradiado. O resultado é um empilhamento de imagens que reduz sobreposições e revela estruturas ocultas ao plano inicial.

Em termos práticos, o exame mantém o conforto e a familiaridade do periapical/bitewing, mas entrega leitura estratificada do mesmo campo. O tempo total é próximo ao de executar algumas incidências adicionais, e a dose, embora maior que um único periapical, fica muito abaixo de um CBCT de pequeno FOV.

Quando indica faz diferença

  • Cárie proximal inicial: separa esmalte superposto e evidencia descontinuidades incipientes, reduzindo falsos negativos em áreas de contato apertadas.
  • Fratura radicular: aumenta a chance de observar traços finos e descontinuidades em raízes, sobretudo em dentes anteriores e pós-trauma.
  • Reabsorções: ajuda a distinguir contornos de reabsorção interna e externa em estágios iniciais, orientando condutas conservadoras.
  • Perdas ósseas localizadas: melhora a leitura de defeitos infraósseos estreitos junto a raízes adjacentes.
  • Endodontia: em casos de anatomia complexa, auxilia na identificação de degraus, perfurações discretas e canais adicionais difíceis de ver em uma projeção única.

Tomossíntese, 2D e CBCT: onde cada um entra

  • Radiografia 2D: rápida, barata e suficiente para grande parte dos cenários. Limita-se frente a sobreposições marcantes.
  • Tomossíntese intraoral: ganha profundidade sem migrar para volumes 3D completos. Ideal para dúvidas pontuais e áreas pequenas que exigem mais contraste estrutural.
  • CBCT: quando há necessidade de avaliação volumétrica, planejamento cirúrgico, vias aéreas ou análise de múltiplos dentes/estruturas em conjunto. Maior dose e custo.

Uma regra simples: se a pergunta é local e a resposta depende de separar planos sobrepostos, a tomossíntese geralmente entrega o suficiente, preservando o princípio ALARA.

Protocolo de aquisição enxuto

  1. Imobilização: use posicionadores estáveis compatíveis com o sensor e o protocolo do equipamento; cabeça e queixo bem apoiados.
  2. Série angular: siga o preset do fabricante (ex.: 5–11 exposições com passos de 2°–5°). Evite movimentos; instruções claras ao paciente.
  3. Parâmetros: kVp e mA conforme dente/região; mantenha constância entre exposições para reconstrução robusta.
  4. Reconstrução: aguarde o processamento automático e faça a navegação por camadas no console/software.
  5. Checagem rápida: valide se as camadas-chave respondem à pergunta clínica (contato proximal, linha radicular, limite ósseo).

Como ler (e não se confundir)

  • Navegue em sequência: do plano superficial ao profundo. Marque mentalmente o plano de interesse (ex.: esmalte proximal, junção amelo-dentinária, terço médio radicular).
  • Atenção a artefatos: metais podem gerar streaks. Compare camadas adjacentes: achados reais se mantêm coesos no plano, artefatos mudam de forma e posição.
  • Correlacione: sinais clínicos (sensibilidade, mobilidade, sondagem) e foto intraoral complementam a interpretação e evitam excesso de confiança em um único plano.

Segurança e dose

A série de exposições eleva a dose em relação a um único 2D, mas permanece, na maioria dos sistemas, em uma faixa modesta e muito abaixo de um CBCT limitado. Utilize colimação retangular quando possível, mantenha EPI plumbífero e registre o protocolo usado. O racional é ALADAIP: dose tão baixa quanto razoável para alcançar a informação diagnóstica necessária.

Integração no fluxo da clínica

  • Fluxo de decisão: inclua a tomossíntese como "plano B" quando a radiografia 2D não responde claramente uma pergunta focal.
  • Comunicação com o paciente: apresente 2–3 camadas ilustrativas. Ver o defeito no plano certo aumenta adesão ao tratamento.
  • Arquivamento: exporte e guarde o conjunto DICOM e um resumo em PDF/png das camadas-chave. Padronize laudos curtos e objetivos.

Implementação em 6 passos

  1. Defina indicações-alvo: cárie proximal incipiente e suspeita de fratura radicular são ótimos pontos de partida.
  2. Treine a equipe: posicionamento, comandos ao paciente e leitura do stack. Crie um guia interno com capturas de tela.
  3. Padronize protocolos: presets por região dentária; checklists de imobilização e validação pós-exame.
  4. Controle de qualidade: testes semanais com phantom e auditorias de dois leitores para reduzir variabilidade.
  5. Mensure impacto: taxa de retakes, acurácia percebida, tempo de cadeira e taxa de aceitação de plano.
  6. Integre ao planejamento: vincule as camadas relevantes ao plano de tratamento e ao consentimento do paciente.

Retorno clínico e financeiro

Na prática, a tomossíntese reduz indecisões, repetição de exames e retornos desnecessários. Ao esclarecer lesões discretas, facilita propor tratamentos conservadores mais cedo e com maior aceitação. O investimento tende a se pagar com ganho de previsibilidade, economia de tempo e confiança do paciente.

Para clínicas com foco em diagnóstico preciso, é um diferencial competitivo que não exige migrar todo caso para CBCT. É tecnologia incremental, de curva de aprendizado curta, que conversa bem com o que você já faz.

Conclusão

A tomossíntese intraoral amplia o que a radiografia 2D enxerga, preservando simplicidade e dose contida. Quando acionada com critério, transforma dúvidas em decisões seguras, melhora a comunicação e encurta o caminho entre suspeita e conduta. É um passo pragmático para levar mais tecnologia à prática clínica cotidiana.

Dica extra: documente suas primeiras 30 indicações, compare com o desfecho clínico e ajuste seus critérios. Em poucos meses, o recurso vira rotina e sua leitura fica muito mais rápida e assertiva.

Para fechar com chave de ouro: tecnologia só vira resultado quando está integrada ao dia a dia. Um software odontológico que organiza imagens, laudos e comunicação com o paciente acelera essa transformação. O Siodonto faz isso com fluidez e ainda vai além: conta com um chatbot que responde dúvidas e agenda de forma automática, e um funil de vendas que acompanha cada oportunidade do primeiro contato ao retorno. É como ter um assistente digital incansável alinhado à sua clínica, garantindo atendimento ágil, conversões mais altas e uma experiência que inspira confiança.

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