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Ultrassom clínico na odontologia: segurança em enxertos e injetáveis

Ultrassom clínico na odontologia: segurança em enxertos e injetáveis
Editora Sia

A ultrassonografia ganhou espaço na odontologia muito além do diagnóstico de glândulas salivares. Com transdutores de alta frequência e Doppler colorido, o cirurgião-dentista passa a enxergar em tempo real a espessura de tecidos, o trajeto vascular e a perfusão de retalhos. O resultado prático é previsibilidade em enxertos, cirurgias de partes moles e aplicação de injetáveis orofaciais, com menos intercorrências e melhor experiência para o paciente.

O que o ultrassom mostra na prática clínica

O ultrassom é excelente para tecidos moles. Em odontologia, as principais visualizações úteis incluem:

  • Espessura e qualidade de mucosa/biotipo em palato e áreas edêntulas, orientando a coleta e o posicionamento de enxertos.
  • Trajeto vascular com Doppler (artérias facial, labial, submentoniana e ramos superficiais), essencial para reduzir risco de sangramento e necrose em retalhos e injetáveis.
  • Delimitação de lesões de partes moles, coleções e edema, além de acompanhamento da cicatrização.
  • Glândulas salivares e ductos superficiais, úteis no manejo de sialolitíase e inflamações.

Como contrapartida, estruturas altamente calcificadas (osso e dentes) causam sombra acústica, limitando a avaliação intraóssea. Por isso, o ultrassom não substitui o CBCT em planejamento implantodôntico; ele o complementa ao agregar segurança tecidual.

Aplicações diretas: do planejamento à execução

  • Enxerto de tecido conjuntivo e retalhos: meça a espessura palatina nos pontos doadores, minimize a morbidade e adeque o tamanho do enxerto. Antes da dissecção, use o Doppler para mapear vasos e ajustar incisões, reduzindo sangramento e tempo cirúrgico.
  • Cirurgias peri-implantares: avalie biotipo e faixa de mucosa queratinizada, identifique fibroses, edemas e perfusão de retalhos reposicionados. O Doppler ajuda a checar a viabilidade tecidual no pós-imediato.
  • Injetáveis orofaciais (toxina botulínica e preenchedores): o mapeamento vascular em regiões periorais e sulcos permite ajustar profundidade e local de aplicação, com menor risco de eventos vasculares e hematomas, além de melhor simetria.
  • Lesões de partes moles: delimite margens, acompanhe resposta a terapias e registre evolução com imagens seriadas.

Equipamento e preparo: o que realmente precisa

  • Transdutor: linear de alta frequência (10–18 MHz), com footprint pequeno para acesso intra e perioral.
  • Doppler colorido: preferencial para identificação vascular e análise de perfusão.
  • Acessórios: gel estéril, capas de proteção para o transdutor e espaçadores para áreas delicadas.
  • Assepsia e barreiras: protocolo semelhante ao de procedimentos cirúrgicos menores.

A curva de aprendizado é real, porém curta quando se foca em perguntas clínicas objetivas: “Onde está o vaso?”, “Qual a espessura da mucosa aqui?”, “Como está a perfusão do retalho?” Treinamentos práticos e a padronização de janelas de varredura aceleram a familiaridade.

Protocolo enxuto para caber na rotina

  1. Triagem do caso: defina objetivos do exame (espessura, vascularização, perfusão).
  2. Mapeamento rápido (3–5 minutos): varredura em pontos-chave com medidas lineares padronizadas.
  3. Doppler dirigido (2–3 minutos): localização e curso dos principais vasos na área de interesse.
  4. Registro: capture imagens/curtos clipes com marcações e comentários.
  5. Condução: ajuste do plano cirúrgico/anatômico com base nos achados.

Essa etapa acrescenta cerca de 8–10 minutos ao pré-operatório e se paga em previsibilidade, menor sangramento e recuperação mais confortável.

Limitações e como contorná-las

  • Dependência do operador: minimizada por protocolos fixos de varredura e checklist de estruturas.
  • Artefatos por ar: uso generoso de gel e leve compressão melhoram a janela acústica.
  • Imagens pós-operatórias: edema pode dificultar a leitura; compare com registros pré-operatórios para interpretar tendências.
  • Campo ósseo: para planejamento tridimensional de implantes, mantenha o CBCT como exame central; use o ultrassom para estratégia tecidual.

Segurança do paciente e comunicação

Mostrar ao paciente a espessura real da mucosa ou o trajeto de um vaso aumenta a compreensão e a confiança no plano. O ultrassom apoia o consentimento informado com imagens objetivas e ajuda a documentar condutas preventivas em caso de intercorrências. No pós-operatório, o Doppler permite acompanhar a perfusão de retalhos e ajustar cuidados antes que problemas se instalem.

Métricas simples para monitorar valor clínico

  • Tempo cirúrgico: redução após adoção do mapeamento vascular.
  • Perdas sanguíneas e hematomas: queda de ocorrência e intensidade.
  • Conforto do paciente: menos dor e edema relatados nas 48–72 h.
  • Taxa de revisões não programadas: redução por melhor previsibilidade.

Checklist de decisão de compra

  • Frequência do transdutor adequada a tecidos superficiais.
  • Doppler sensível a fluxos de baixo débito.
  • Formato compacto e fácil higienização do cabeçote.
  • Conectividade para exportar imagens em formatos padronizados.
  • Treinamento e suporte oferecidos pelo fornecedor.

Resumo prático

Incorpore o ultrassom começando por um protocolo simples: medir espessura de mucosa nos pontos doadores, mapear vasos com Doppler na área receptora e registrar imagens no prontuário. Em poucas semanas, a equipe internaliza a rotina e os ganhos de previsibilidade e segurança ficam evidentes.

Dica bônus: use as imagens do ultrassom para educar o paciente antes do procedimento. Visualizar o plano reforça adesão e reduz ansiedade, elevando a satisfação com o tratamento.

No dia a dia de uma clínica moderna, contar com um software odontológico que organiza seus dados clínicos faz toda a diferença. O Siodonto permite anexar imagens e vídeos do ultrassom diretamente ao prontuário, padronizar checklists de varredura e documentar achados com clareza. Além disso, o Siodonto oferece um chatbot inteligente e funil de vendas para captar e nutrir pacientes interessados em procedimentos como enxertos e injetáveis, automatizando respostas, triagens e acompanhamentos — tudo para simplificar o atendimento e impulsionar conversões com profissionalismo.

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