Sono em foco na clínica: tecnologia para ronco e apneia com DAM

O sono entrou definitivamente na pauta da odontologia clínica. A tecnologia encurtou o caminho entre triagem, diagnóstico médico e terapias odontológicas para ronco e apneia obstrutiva do sono (AOS), especialmente com o uso de dispositivos de avanço mandibular (DAM). Neste artigo, mostramos um fluxo prático e baseado em dados para selecionar pacientes, indicar, titular e acompanhar DAM com apoio de ferramentas digitais — melhorando desfechos e a experiência do paciente.
Triagem estruturada: do consultório ao celular do paciente
O primeiro passo é identificar quem merece investigação. Questionários validados podem ser aplicados de forma digital, com registro automático no prontuário:
- Epworth Sleepiness Scale (ESS): sonolência diurna.
- STOP-Bang ou Berlin: risco de AOS.
- Inventário de ronco e sono fragmentado: percepção do parceiro(a) e auto-relato.
Combine a triagem com sinais clínicos: retrognatia, pescoço curto, hipertrofia de tecidos moles, desgaste dental compatível com bruxismo e queixas matinais (cefaleia, boca seca). O registro digital desses achados facilita comparações futuras e comunicação interdisciplinar.
Exames em casa: precisão que cabe na rotina
A confirmação diagnóstica é médica. Contudo, a odontologia pode orientar a jornada, integrando-se a pneumologistas ou médicos do sono. Hoje, polissonografia domiciliar e monitorização cardiorrespiratória portátil (tipos II/III, conforme indicação médica) oferecem métricas objetivas (AHI, ODI, dessaturações) com maior aderência do paciente.
Como a clínica pode colaborar:
- Estabeleça parcerias com serviços que disponibilizam monitores portáteis com painéis na nuvem para acesso seguro aos laudos.
- Padronize canais de comunicação e critérios de encaminhamento (ronco alto + sonolência + STOP-Bang alto, alterações anatômicas marcantes, comorbidades).
- Alinhe com o médico os indicadores de sucesso que vão guiar a terapia com DAM.
Quem é candidato a DAM? Critérios práticos
DAM é indicado, sob aval médico, em casos de AOS leve a moderada e para ronco primário, além de alternativa em intolerância a CPAP. A seleção precisa considerar:
- Estruturas dentárias: número de dentes remanescentes, suporte periodontal.
- ATM e musculatura: dor, limitação de abertura, história de DTM.
- Vias aéreas: protrusão mandibular possível, avaliação do espaço orofaríngeo.
- Hábitos: consumo de álcool, posição de dormir, tabagismo.
Ferramentas úteis nesta etapa incluem medidores digitais de protrusão para estimar avanço inicial com conforto, e registro objetivo do arco com fotos intra/extraorais padronizadas. Caso utilize scanner intraoral, mantenha um protocolo fotográfico para correlação clínica; o objetivo é precisões reprodutíveis, não glamour tecnológico.
Titulação guiada por dados: além do “acho que melhorou”
Uma das maiores mudanças na prática é a capacidade de titular o DAM com feedback objetivo. Em vez de ajustes empíricos, utilize dados coletados no domicílio:
- Oximetria noturna bluetooth: sessões de 2–3 noites após cada avanço ajudam a verificar impacto em dessaturações e ODI.
- Aplicativos de áudio com análise de ronco (considere baseline antes do DAM e reavaliações após cada ajuste).
- Diários digitais de sintomas: sonolência matinal, cefaleia, qualidade percebida do sono, desconforto orofacial.
Estruture um protocolo: avanço inicial conservador, incrementos semanais de 0,5–1 mm conforme tolerância, com checkpoints objetivos. Defina metas intermediárias (reduzir ronco audível em >50%, ESS em zona normal) e meta final a ser confirmada em exame médico de controle (idealmente nova monitorização).
Acompanhamento objetivo e adesão
Para consolidar resultados, leve a mesma disciplina à manutenção:
- Sensores de uso embutidos em alguns DAM fornecem horas/noite e padrão de uso. Se o seu DAM não possui, estabeleça rotinas de checagem e educação estruturada.
- Revisões programadas: 1–2 meses após titulação, 6 meses e anual, com reavaliação periodontal, ATM e estabilidade oclusal.
- Indicadores de sucesso: ESS, relato do parceiro, ODI/oximetria spot em noites típicas, qualidade do sono.
Sinais de alerta que pedem reencaminhamento ao médico: ganho ponderal significativo, retorno de sonolência, ronco alto persistente, dessaturações na oximetria ou sintomas cardiovasculares.
Conforto e efeitos colaterais: prevenção e manejo
Com orientação correta, DAM é bem tolerado. Ainda assim, observe:
- Desconforto muscular/ATM: introdução gradual, exercícios de mobilidade ao despertar, revisão de titulação.
- Movimentações dentárias: monitoramento oclusal em cada revisão, ajustes e, se necessário, placas complementares.
- Ressecamento: orientações de higiene, lubrificantes orais apropriados.
Documente cada passo no prontuário, com fotos e métricas. Isso robustece a tomada de decisão e a comunicação com o paciente e com a equipe médica.
Checklist tecnológico essencial para a odontologia do sono
- Ferramenta de triagem digital com formulários (ESS, STOP-Bang) e registro automático.
- Medidor digital de protrusão para definir avanço inicial com conforto.
- Oximetria bluetooth para sessões noturnas de controle após ajustes.
- App de análise de ronco (compare baseline e pós-titulação).
- Prontuário eletrônico que centralize dados, imagens, consentimentos e relatórios compartilháveis com o médico do sono.
Protocolos que sustentam a previsibilidade
- Triagem: questionários + sinais clínicos.
- Encaminhamento médico: diagnóstico e indicação formal.
- Planejamento odontológico: seleção de DAM, registro oclusal, definição de avanço inicial.
- Titulação: incrementos com oximetria e diário de sintomas.
- Confirmação médica: exame de controle para validar desfecho.
- Manutenção: revisões, adesão e saúde orofacial.
Essa cadência, amparada por dados, diminui tentativas e erros, eleva a satisfação do paciente e fortalece a relação interdisciplinar.
Conclusão
Ao combinar triagem estruturada, exames domiciliares e DAM titulados por dados, a odontologia passa a oferecer uma via tangível para reduzir ronco e AOS com segurança. O ganho clínico vem junto de eficiência: menos retornos não planejados, comunicação clara e previsibilidade. É a tecnologia a serviço de um sono melhor — e de uma clínica mais resolutiva.
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