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Pesquisa clínica no consultório: tecnologia que vira evidência

Pesquisa clínica no consultório: tecnologia que vira evidência
Editora Sia

Gerar evidência clínica não é exclusividade de grandes centros. Com ferramentas digitais já presentes no consultório, é possível transformar a rotina em conhecimento aplicável, guiando escolhas terapêuticas, comunicando resultados com clareza e elevando o padrão de cuidado. O segredo não é ter um laboratório de análise, e sim organizar o que você já faz em processos mensuráveis.

Do atendimento ao dado confiável: defina o que medir

Antes de qualquer tecnologia, vem a clareza. Qual pergunta clínica você deseja responder? Exemplos práticos:

  • Quanto tempo seu manejo de dor pós-operatória mantém o desconforto abaixo de 3/10?
  • Qual a taxa de ajustes adicionais em peças protéticas produzidas com determinado protocolo?
  • Qual é a satisfação do paciente 7 e 30 dias após um procedimento, em uma escala de 0 a 10?

Três tipos de desfechos ajudam a organizar a coleta:

  • Clínicos: sangramento à sondagem, profundidade de bolsa, necessidade de retratamento.
  • Operacionais: tempo de cadeira, número de retornos não planejados, atrasos.
  • Relato do paciente (PRO/PREM): dor, funcionalidade, satisfação, entendimento do plano.

A dica é padronizar definições e momentos de coleta (ex.: baseline, 7, 30 e 90 dias). Use formulários digitais curtos e consistentes; 5 a 8 campos bem definidos são melhores que planilhas extensas e incompletas.

Ferramentas digitais mínimas para começar

Você não precisa reinventar a roda. Um conjunto essencial inclui:

  • Prontuário estruturado com campos padronizados para os desfechos escolhidos.
  • Formulários eletrônicos enviados por link ou QR code, com carimbo de data e identificação segura.
  • Modelos de eCRF simples (electronic case report form) para registrar o procedimento: protocolo, materiais, tempos.
  • Dashboards básicos para visualizar evolução de dor, tempo médio de cadeira, necessidade de retratamento e satisfação.

O ganho vem da consistência. Se cada profissional registra a mesma informação, da mesma forma e nos mesmos prazos, o dado passa a ser comparável e, portanto, útil.

Desenhos factíveis na rotina

Estudos viáveis no consultório não dependem de amostras gigantes. Comece pequeno e padronizado:

  • Coorte prospectiva: acompanhe todos os casos de um procedimento com um novo protocolo durante 3 a 6 meses, coletando os mesmos desfechos.
  • Série de casos padronizada: documente 15–30 casos com o mesmo material e técnica, registrando tempos e retrabalhos.
  • Estudos N-of-1: para questões individuais (ex.: controle de dor), compare duas abordagens em um mesmo paciente em momentos diferentes, sempre com consentimento.
  • A/B não invasivo: quando eticamente aceitável, compare lembranças de pós-operatório distintas (mensagem padrão vs. mensagem com vídeo educativo) e meça impacto em dor relatada e contatos não programados.

Importante: intervenções que mudam conduta clínica devem seguir boas práticas éticas e, quando necessário, submissão a comitê de ética. Estudos de processo, satisfação e fluxo tendem a ter risco mínimo.

Qualidade do dado sem complicação

Três movimentos simples aumentam a confiabilidade:

  • Treino rápido da equipe para registrar usando as mesmas escalas e termos.
  • Revisão semanal de 5–10 prontuários para verificar campos obrigatórios e consistência.
  • Automação de lembretes para preenchimento de PROs pelo paciente nos dias combinados.

Reduza campos livres e prefira listas e escalas numéricas. E trate dados faltantes como sinal de processo a ajustar (ex.: reforçar lembrete, simplificar formulário), não como falha da equipe.

Análise sem mistério: o que olhar

Comece pelo essencial, em gráficos de linha e barras:

  • Tempo de cadeira por tipo de procedimento, comparando antes e depois de um ajuste de protocolo.
  • Taxa de retrabalho em prótese ou restauração em 30 dias.
  • Curva de dor (média e mediana) nas primeiras 48–72 horas.
  • Satisfação (NPS ou escala 0–10) na alta e 30 dias após.

Evite conclusões precipitadas. Observe tendências, faixas de variação e possíveis fatores de confusão (casos mais complexos, mudanças de equipe, sazonalidade). Quando possível, estratifique por idade, complexidade e operador.

Ética, privacidade e transparência

Mesmo em estudos de rotina, o paciente deve saber que seus dados serão analisados para melhoria assistencial. Use um termo de consentimento claro, explique como a informação é protegida e permita a opção de não participar sem qualquer prejuízo. Transparência gera confiança — e melhora a adesão às coletas.

Do dado ao cuidado melhor

Quando a equipe enxerga números do próprio serviço, a conversa muda. Protocolos são refinados, expectativas tornam-se realistas e a explicação ao paciente ganha objetividade. Mostrar, por exemplo, que a média de dor cai abaixo de 3/10 após 24 horas com seu protocolo atual cria confiança e engajamento. Além disso, a documentação estruturada dá lastro a publicações técnicas, apresentações locais e parcerias acadêmicas.

Checklist em 10 passos para começar em 30 dias

  1. Escolha 1–2 perguntas clínicas priorizadas.
  2. Defina 3–5 desfechos e momentos de coleta.
  3. Padronize escalas (0–10, sim/não, múltipla escolha).
  4. Crie formulários digitais para equipe e para pacientes.
  5. Configure lembretes automáticos nos dias combinados.
  6. Monte um painel simples com 4 gráficos essenciais.
  7. Treine a equipe em 30 minutos com casos de exemplo.
  8. Audite 10 registros por semana por 4 semanas.
  9. Revise resultados e ajustes uma vez ao mês.
  10. Compartilhe aprendizados com a equipe e pacientes.

No final, pesquisa na clínica é menos sobre estatística e mais sobre consistência, transparência e melhoria contínua. A tecnologia é o meio que torna isso leve, repetível e útil.

Onde o Siodonto entra nessa história

Para transformar rotina em evidência, um software que organiza a casa faz toda a diferença. O Siodonto oferece prontuário estruturado, formulários eletrônicos fáceis de configurar, relatórios com gráficos claros e automações de lembretes para coletas em 7, 30 e 90 dias. Você ainda pode acionar um chatbot para engajar pacientes nas respostas e orientar o pós-operatório de forma personalizada. E quando os resultados começam a aparecer, o funil de vendas ajuda a transformar interesse em agendamentos qualificados, conectando ciência do seu consultório com crescimento sustentável. Em outras palavras: menos planilha, mais cuidado inteligente — e um ciclo virtuoso de melhoria contínua.

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