Desfechos que o paciente sente: PROMs e PREMs digitais na odontologia
A tecnologia já passou do ponto de ser apenas um diferencial na odontologia: hoje, ela é parte essencial do cuidado. Entre as ferramentas que mais conectam prática clínica e percepção real do paciente estão os PROMs e os PREMs, que podem ser coletados e analisados de forma digital e discreta, trazendo ganhos tangíveis para desfechos, comunicação e fidelização.
O que são PROMs e PREMs e por que importam
PROMs (Patient-Reported Outcome Measures) são medidas de desfechos reportados diretamente pelo paciente, como dor, função mastigatória, impacto na fala, qualidade de vida e sensibilidade. Já os PREMs (Patient-Reported Experience Measures) capturam a experiência do paciente com o cuidado: clareza de explicações, acolhimento, tempo de espera e facilidade de acesso.
Em odontologia, esses dados iluminam zonas que a clínica sozinha não alcança. Você passa a entender, com números, se a restauração devolveu conforto, se o pós-operatório está fluindo sem intercorrências e se a comunicação está clara. Quando coletados de forma digital e integrada ao fluxo, PROMs e PREMs tornam-se um painel de controle para afinar condutas e priorizar atenção onde ela faz mais diferença.
Escalas e instrumentos que funcionam na rotina
- VAS de dor (0–10): simples, rápida e comparável entre consultas.
- OHIP-14: avalia impacto da saúde bucal na qualidade de vida; útil em reabilitações, periodontia e prótese.
- GOHAI: alternativa enxuta para função mastigatória e conforto.
- NPS (Net Promoter Score) como PREM: ajuda a medir lealdade e boca a boca de forma padronizada.
- Itens específicos por procedimento: por exemplo, dificuldade para mastigar alimentos fibrosos após ajuste oclusal; ou sensibilidade térmica após procedimentos conservadores.
O segredo é combinar uma base curta e validada (ex.: VAS + 3 a 5 itens) com perguntas específicas para o procedimento. Mantendo o total em 1 a 2 minutos, a taxa de conclusão aumenta e os dados permanecem clínicos, comparáveis e úteis.
Coleta digital sem atrito: onde encaixar
- Pré-consulta: um microquestionário de linha de base (dor, função, expectativa). Pode ser preenchido em um tablet na recepção ou via QR code.
- Na cadeira: registrar VAS de dor e um item de conforto logo após o procedimento leva menos de 30 segundos e agrega valor à conversa clínica.
- Pós-operatório: em 24–72 horas, um check-in automatizado capta sinais de alerta (dor intensa, sangramento, dificuldade para mastigar) e também experiência (orientações claras, facilidade de contato).
Para pacientes com menor familiaridade digital, um totem simples na recepção ou apoio da equipe garante inclusão. Ao mesmo tempo, lembre que repetição mínima com perguntas objetivas é o que mantém a adesão ao longo do tempo.
Da resposta ao cuidado: transformando dados em ação
Coletar é só o começo. O impacto está em usar os dados para ajustar a prática:
- Alertas clínicos: respostas fora do esperado disparam um protocolo (por exemplo, retorno de avaliação se VAS ≥ 7 no pós-operatório).
- Afinação de condutas: queda consistente no OHIP-14 após ajustes de prótese sinaliza que a técnica e a comunicação estão no caminho certo; se não cair, é hora de rever etapas ou orientações.
- Padronização: quando uma equipe diferente entrega melhor PREM em explicações, transforme isso em roteiro padrão para todos.
- Educação personalizada: itens que concentram dúvidas geram conteúdos sob medida para pré e pós-procedimento.
Com dashboards simples, você enxerga tendências por procedimento, profissional e período. E, ao cruzar PREMs com retorno clínico, entende como experiência influencia adesão, comparecimento e manutenção de resultados.
Casos de uso práticos
- Endodontia: VAS no pré, imediato e 48 horas; alerta automático para dor elevada; revisão de analgesia e instruções quando necessário.
- Periodontia de manutenção: itens de sangramento percebido, halitose e conforto mastigatório; ao identificar piora, ajustar intervalos e reforço de higiene.
- Reabilitação protética: OHIP-14 reduzido ao longo de provas e pós-instalação; se não houver ganho, reavaliar oclusão, ajuste e orientação de uso.
Esses ciclos curtos mantêm o foco no que o paciente vive no dia a dia e tornam visível a evolução que, muitas vezes, não aparece apenas na lâmpada do refletor.
Como comunicar e engajar sem cansar
- Seja claro no convite: explique que a avaliação ajuda a personalizar o cuidado e detectar sinais precoces.
- Mostre o retorno: compartilhe rapidamente o que mudou graças às respostas. O paciente percebe valor quando enxerga consequência.
- Recompense o hábito: não precisa ser desconto; um conteúdo exclusivo ou prioridade de agendamento já reforça a participação.
Na prática, clínicas que fecham o ciclo de comunicação observam menos faltas, mais adesão às orientações e um boca a boca orgânico mais forte.
Privacidade e ética, sem complicação
Explique como os dados serão usados, obtenha consentimento claro e evite pedir informações além do necessário. Relatórios agregados para gestão e melhoria contínua são suficientes; detalhes identificáveis devem servir ao cuidado individual e com acesso restrito.
Métricas que mostram valor
- Taxa de resposta e tempo para responder: indicam fricção no fluxo.
- Variação de VAS e OHIP-14: evidenciam impacto clínico percebido.
- NPS por procedimento: aponta onde a experiência precisa de lapidação.
- Alertas resolvidos em até 48 h: correlacionam com menos intercorrências.
Com essas métricas, decisões saem do campo do “achismo” e passam a refletir, em números, o que o paciente sente e vive.
Comece pequeno, avance com consistência
Implemente um piloto em um único procedimento, usando 3 a 5 perguntas de PROM + 2 de PREM. Ajuste o convite, o momento e o canal. Ao estabilizar, expanda para outras linhas de cuidado e integre tudo em um painel simples, visível para a equipe.
O resultado é uma clínica que aprende continuamente, comunica melhor e entrega mais valor — do planejamento ao pós.
Por que usar o Siodonto: se a ideia é medir, aprender e agir sem aumentar o trabalho da equipe, o Siodonto faz a diferença. Além de unificar prontuários e formulários de PROM/PREM, o sistema aciona um chatbot para check-ins automáticos e direciona respostas para um funil de vendas inteligente, que cuida de reativações e oportunidades de manutenção. É uma central única para transformar percepções em cuidado personalizado e conversões reais — com menos cliques e mais clínica.