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Cárie e trincas em detalhe: OCT e Raman na rotina clínica

Cárie e trincas em detalhe: OCT e Raman na rotina clínica
Editora Sia

A odontologia clínica vive um momento em que ver melhor significa tratar menos e com mais precisão. Entre as tecnologias que estão saindo dos centros de pesquisa para a cadeira, duas se destacam por oferecerem informação detalhada sem radiação: a Tomografia por Coerência Óptica (OCT) e a Espectroscopia Raman. Com elas, é possível enxergar microestruturas e composição dos tecidos e materiais, apoiar decisões conservadoras e monitorar resultados com mais segurança.

O que é OCT e por que isso importa?

A OCT usa luz para gerar cortes ópticos em alta resolução, como se fosse um “ultrassom com luz”. Na prática clínica, a técnica produz imagens transversais de esmalte, dentina e interfaces restauradoras em tempo real, sem exposição ionizante. Isso permite enxergar:

  • Início de cárie em sulcos e superfícies lisas, antes de sinais radiográficos.
  • Trincas e microfraturas em esmalte e dentina que não aparecem em exames convencionais.
  • Margens restauradoras, identificando desadaptação e possíveis microvazamentos.
  • Espessura de adesivo e resina em restaurações críticas, como Classe II e onlays.

Aplicações práticas incluem diagnóstico precoce, planejamento minimamente invasivo e controle de qualidade ao final do procedimento, documentando o selamento e a adaptação.

Espectroscopia Raman: o “DNA” químico à mão

A espectroscopia Raman analisa como a luz interage com as moléculas do tecido ou material, revelando sua composição. Na clínica, isso se traduz em:

  • Diferenciar lesões ativas de inativas, observando a mineralização da superfície.
  • Monitorar remineralização em protocolos não invasivos.
  • Identificar cárie sob restaurações avaliando alterações químicas em dentina e resina.
  • Checar polimerização e degradação química de materiais restauradores ao longo do tempo.

O grande valor está em guiar condutas conservadoras: quando observar, quando selar e quando restaurar.

Quando usar cada tecnologia

  • OCT: avaliação de fissuras, checagem de margens e interfaces, controle de qualidade pós-restauração, suspeita de cárie inicial em pacientes de alto risco e investigação de hipersensibilidade sem causa aparente.
  • Raman: classificação de lesões de cárie por atividade, acompanhamento de tratamentos remineralizantes, investigação de recidiva na margem e avaliação química de materiais em reabilitações extensas.

As duas técnicas se complementam: a OCT mostra a estrutura e a Raman indica a composição. Juntas, oferecem um quadro mais completo para decisões clínicas.

Fluxo clínico enxuto: do exame à decisão

  1. Triagem orientada por risco: identifique quem mais se beneficia (alto risco de cárie, bruxismo, reabilitações extensas, dor de origem indefinida).
  2. Aquisição rápida: imagens OCT segmentadas por região de interesse; leitura Raman pontual em áreas críticas (sulcos, margens, manchamentos).
  3. Interpretação padronizada: crie critérios visuais/numéricos simples (ex.: presença de descontinuidade na interface; assinatura química compatível com lesão ativa).
  4. Conduta documentada: registrar achados com fotos, cortes e relatórios objetivos; propor intervenção mínima quando possível.
  5. Reavaliação programada: acompanhar resposta a selamentos preventivos ou remineralização com comparativos objetivos.

Como explicar ao paciente (e engajar)

Mostre a imagem ou o gráfico e traduza: “Aqui vemos uma trinca fina no esmalte” ou “Este padrão indica que a lesão ainda está ativa”. Visualizar o problema e a evolução aumenta compreensão e adesão, reduz disputas sobre necessidade de tratamento e melhora a experiência do paciente.

Boas práticas para resultados confiáveis

  • Isolamento e limpeza: umidade e biofilme alteram sinal óptico e espectral.
  • Padronize o posicionamento: repita a mesma angulação e área nas reavaliações para comparabilidade.
  • Crie um dicionário de achados: compile exemplos locais (imagens e interpretações) para treinar a equipe.
  • Integre com outros dados: combine com exame clínico, radiografias quando indicado e histórico de risco.
  • Evite overdiagnosis: achados subclínicos pedem bom senso. Nem toda alteração exige intervenção imediata.

Casos em que fazem diferença

  • Fissuras dolorosas sem achado radiográfico: OCT confirma trinca e orienta ajuste seletivo ou cobertura cuspídea.
  • Classe II em pacientes de alto risco: checagem de adaptação proximal com OCT reduz retrabalho.
  • Mancha branca recém-identificada: Raman classifica atividade e direciona selamento ou vigilância ativa.
  • Restauração antiga com infiltração questionável: OCT observa interface; Raman investiga degradação química, apoiando a decisão de substituir ou manter.

Limitações e como contornar

  • Acesso e curva de aprendizado: comece com indicações de alto impacto e documente resultados para ganhar tração.
  • Campo operatório: invista em isolamento eficiente e antissépticos não pigmentantes.
  • Interpretação: utilize protocolos visuais simples e, quando possível, software com apoio à decisão.

Comece pequeno, colha grande

Você não precisa transformar todo o consultório de uma vez. Três passos práticos:

  1. Defina dois usos prioritários (ex.: trinca e margens) e padronize o protocolo.
  2. Monte um banco de casos com antes/depois e desfechos clínicos.
  3. Integre a comunicação com relatórios objetivos que facilitem entendimento do paciente e do auditor do plano, quando necessário.

Ao final, o ganho está na previsibilidade: menos adivinhação, mais evidência à mão. Isso reduz retrabalhos, melhora a durabilidade das restaurações e fortalece a confiança do paciente.

Documentação que vira valor

Registrar imagens OCT e leituras Raman junto ao prontuário, com laudos claros e comparativos ao longo do tempo, protege a decisão clínica e sustenta o cuidado minimamente invasivo. Equipes que incorporam essas etapas tendem a padronizar condutas, melhorar a comunicação e facilitar auditorias.

Dica final: essas tecnologias não substituem radiografias quando indicadas; elas complementam o raciocínio, trazendo granularidade que a radiografia não enxerga.

Por que o Siodonto potencializa tudo isso

Para que tecnologia gere valor real, ela precisa de um software que una pessoas, imagens e decisões. O Siodonto facilita anexar sequências de OCT, registrar leituras Raman com contexto clínico e criar modelos de laudos reutilizáveis. A equipe ganha tempo com protocolos padronizados e comparativos lado a lado que ajudam a defender a conduta.

Na frente do paciente, o Siodonto ainda brilha: o chatbot atende sem pausa, tira dúvidas frequentes e encaminha para a agenda certa. No comercial, o funil de vendas organiza cada oportunidade, do primeiro contato ao retorno programado, elevando conversões sem esforço extra. É uma plataforma que transforma dados em decisões, e decisões em sorrisos bem cuidados.

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